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O passado nunca morre, o passado sequer passou.

  • Foto do escritor: Natália Alves de Almeida
    Natália Alves de Almeida
  • 9 de ago. de 2023
  • 2 min de leitura

A partir do cinema é possível perceber diversos contextos históricos, se tornando uma fonte histórica poderosa. São muitos os filmes que são atravessados pelo contexto histórico da escravidão. Filmes que doem, que passam por traumas, filmes que nos mostram que o passado está logo ali.


A partir disso, proponho uma análise a partir do filme Antebellum, lançado em 2020. O filme em si não foi bem avaliado, mas acredito que possa ser interpretado a partir do conceito temporal de Nostalgia, desenvolvido principalmente por Svetlana Boym.


No filme, a personagem principal, A autora Veronica Henley, interpretada por Janelle Monáe, após uma noite com amigas, se vê presa em uma plantação de algodão do tempos de escravidão dos Estados Unidos. Ela juntamente com outras pessoas negras, se encontram na situação de pessoas escravizadas.


No decorrer do filme, percebemos que as pessoas negras que ali estavam foram sequestradas e colocadas naquela situação e é possível perceber também que aquela encenação deseja restaurar o momento da Guerra Civil Americana, visto que Antebellum significa “momento antes de uma guerra”.


No decorrer do filme surge uma frase interessante: “O passado nunca morreu, o passado sequer passou”. Ao analisar a condição pela qual a personagem principal e outras pessoas negras foram colocadas podemos observar um desejo, por parte dos personagens brancos do filme, de que as pessoas negras retornassem para aquele estado de escravidão onde eram tratadas como mercadoria. É certo que a escravidão deixou várias marcas na sociedade, mascar essas que movimentos que lutam em prol de políticas para o população lutam para que deixam de existir.


É possível associar essa relação que os personagens brancos possuem em relação aos personagens não-brancos a partir da perspectiva da nostalgia. Svetlana Boym define a nostalgia como,


Eu a definiria como um desejo por um lar que não existe mais ou nunca existiu. Nostalgia é um sentimento de perda e deslocamento, mas é também uma fascinação com a própria fantasia. (BOYM, 2017.)

Observando os comportamentos do filme, é possível perceber o desejo de retorno que eles possuem em relação aquele passado escravista volta, e olham com ressentimento pessoas negras em liberdade e em movimentos de resistência para com as injustiças cometidas por essa população.


A nostalgia pode perpassar diversos locais e ações, como por exemplo, a manutenção de monumentos a personagens escravistas, genocidas e colonizadores, o que seria a manutenção desses monumentos, se não uma manifestação de desejo de retorno para aquele tempo, em que esses personagens agiam.


O filme, embora seja mal avaliado, é interessante para se fazer essa análise a partir do conceito de nostalgia e também de como o passado escravista se apresenta como uma trauma histórico para a população negra, pois são vários os acontecimentos do dia-a-dia que os recordam das heranças desse passado maldito. Para a população negra, o passado é logo ali, pois se sabe que existem muitos que desejam nosso retorno para aquele passado.

Escrito por: Natália Alves de Almeida

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BOYM, S. Mal-estar na nostalgia. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 10, n. 23, 2017. DOI: 10.15848/hh.v0i23.1236. Disponível em: <https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1236>.

COMO CITAR

ALMEIDA, Natália. O passado nunca morre, o passado sequer passou. Problematiza Aê!. 2023. Disponível em:<https://problematizaae.wixsite.com/oagora>

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