Que seus crimes jamais sejam perdoados ou esquecidos...
- Natália Alves de Almeida
- 30 de abr. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de mai. de 2023
A ditadura-civil militar no Brasil durou 21 anos, um dos períodos mais sombrios da história, Tortura, mortes, desaparecimentos e censura. As sombras da ditadura pairam pelo Brasil, as dores são jogadas ao esquecimento. Não são poucos aqueles que são nostálgicos com o período da ditadura-civil militar e clamam pelo seu retorno, não são poucas as ruas que carregam nome de ditadores como uma homenagem, como se o sangue de tantos não estivesse em suas mãos.
A anistia no Brasil aconteceu em 1979 e o Brasil ainda sofre as consequências desse perdão. O esquecimento não é natural, ele é político, o esquecimento que se coloca aos crimes cometidos pela Ditadura-Civil Militar e pelos frutos que colhemos tem a função de inviabilizar as discussões sobre as heranças que a política e vida social brasileira carrega desse período. O Brasil, nos seus últimos anos, principalmente após o golpe que depôs a presidenta Dilma Rousseff, atravessa uma onda de autoritarismo e negacionismo no meio político, que culminou com a eleição do presidente Jair Messias Bolsonaro.
Nas mídias sociais são muitos os discursos favoráveis ao governo anterior, são muitas as mensagens de violências, são muitas as violações à vida e à memória. Nesses quatro anos, a vida ficou por um fio. As consequências de um governo negacionista e que incita a violência foram drásticas, apoiado por aqueles que dizem que a Ditadura-Civil Militar foi o melhor período do país.
O negacionismo, autoritarismo, violência, lgbtfobia, racismo, misoginia, deixou a vida por um fio e muitos fios foram cortados. O descaso do governo para com as necessidades da população na pandemia da covid-19 agravou ainda mais a desigualdade e marginalização. Foram pessoas que perderam seus empregos, sua família, e não tiveram apoio do governo.
Que não somente a história, que ninguém esqueça seus crimes. O que deve ser dito é que muitos os fantasmas que sobrevoam o Brasil. Escravidão, Ditadura, Genocídio negro e indígena. A ausência de políticas públicas que fomentem uma memória pública sobre a Ditadura faz com o esquecimento se agrave e que narrativas relativistas ganhem forças.
O que deve ser dito é que o governo anterior foi fomentado pelas políticas de esquecimento que se colocam sobre os acontecimentos históricos, pelo racismo, pelo autoritarismo, misoginia, incitação de violência. O que deve ser dito é isso está nas raízes disso que chama Brasil, o que deve ser dito é que este país é uma grande vala. Deve ser dito quantas vezes forem necessárias. Que todos tenham conhecimento de seus crimes.
Que a ausência dos que foram não sejam esquecidas. Que ninguém se esqueça de quantos fios você cortou. Que as lágrimas de dor que foram derramadas não sejam esquecidas.
Escrito por: Natália Alves de Almeida
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Maria Paula Nascimento; SANTOS, Myrian Sepúlveda dos. História, memória e esquecimento: implicações políticas. Revista crítica de ciências sociais, n. 79, p. 95-111, 2007. Disponível em: <https://journals.openedition.org/rccs/728>
HUYSSEN, Andreas. Políticas de memória no nosso tempo. Lisboa, Universidade Católica Editora, 2014.
COMO CITAR
ALMEIDA, Natália. Que seus crimes jamais sejam perdoados ou esquecidos. Problematiza Aê!. 2023. Disponível em:<https://problematizaae.wixsite.com/oagora>
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