O PODER DA HISTÓRIA NA ANIMAÇÃO DE “ODA NOBUNA NA YABÕ, 織のの奈の野I”, UMA VISÃO INTERDISCIPLINAR?
- João Victor Nunes Bernardes
- 24 de nov. de 2021
- 4 min de leitura
LITERANDO A HISTÓRIA
PRPA - Projeto Revista Problematiza Aê! NOV. 2021 Ano I Nº 010
Por JOÃO VICTOR NUNES BERNARDES [1]
[1] Lattes
CONTEXTUALIZANDO
O anime se passa durante o período das guerras civis no Japão (Período Sengoku). Yoshiraru Sagara um estudante de ensino médio é enviando para esse período magicamente e se encontrando em meio a uma batalha. Yoshiraru é salvo por Toyotomi Hideyoshi, um grande estrategista japonês que no futuro unificará o Japão colocando um fim as guerras civis, mas ao salvar Yoshiraru, Toyotomi é morto, o que pode alterar drasticamente o futuro do japão. Yoshiraru é um estudante viciado no jogo “Nobunaga’s Ambition”, que faz uma representação da era Sengoku e os eventos histórico mais importante situados em volta do Daimyõ Oda Nobunaga e sua ambição de unificar o Japão.
No anime todos os personagens importante ou que retem o maior tempo de tela são representados por mulheres o que deixa Yoshiraru confuso ao ver isso, pois se difere da história que ele conhece e viveu jogando o seu jogo favorito. O Protagonista então se junta a Oda Nobuna substituindo em nome e em personagem o seu salvador Toyotomi Hideyoshi, numa tentativa de refazer os seus feitos, não alterando assim a história e futuro do japão. O anime segue então mostrando eventos importantes do jogo, onde Yoshiraru graças ao seu conhecimento de história e sobre as estratégias usadas pelos clãs japoneses, ajuda Oda Nobuna a conquistar seu objetivo.
Utilizando da frase do grande escritor de 1984, George Orwell “quem controla o passado, controla o futuro”, pretendo realizar uma relação entre a frase de Orwell e o anime acima apresentado, utilizando mesmo que rasamente da teoria sobre consciência histórica[1] e ensino de história de Rüsen, juntamente penso em uma proposta interdisciplinar para o jogo e o anime. Uma proposta que em diálogo com a BNCC e seus currículos pode complementar a educação no ensino básico. Falando por alto interdisciplinaridade é uma forma de relacionar várias disciplinas para o ensino de algum tema específico, dessa forma pode ser abordada conhecimentos específicos de cada disciplina utilizando de métodos e didáticas únicas[2].
DESENVOLVENDO O PENSAMENTO
No anime, Yoshiraru com o seu conhecimento conseguiu “controlar” os acontecimentos situados na narrativa histórica. Esse “controle” não é bem um controle, como já disse aqui acima, o passado, assim como a história não pode ser controlado. O protagonista passa por esse entendimento, quando algumas situações fogem do controle de seu conhecimento. Ele se vê em um impasse, não sabendo mais o que fazer e qual caminho tomar. Ao se deparar com essas situações o protagonista se encontra em desespero pois ele não mais os registros históricos ao seu lado e por causa da história estar se divergindo consequentemente o futuro pode ter sido alterado, por causa de suas escolhas e ações.
Mas Yoshiraru diferente de um historiador, não tem o entendimento de que a história de um jogo é uma representação/construção[3]de acontecimentos que estão fardados a influências e interpretações daqueles que os fez. As representações do passado não podem ser encaradas como uma verdade irrefutável, e isso o protagonista vive na trama da obra, mas não entende. Acontecimentos que na história ocorreram de forma diferente das que foram representadas no jogo, material fonte do conhecimento de Yoshiraru, fazem com que o protagonista duvide de sua consciência histórica.
O PODER DO CONHECIMENTO E UM DIÁLOGO INTERDISCIPLINAR
O que vemos no protagonista é de alguém totalmente inserido em dentro da história do seu tempo, um agente da história, participante, atuante, um sujeito histórico. Mesmo fora de seu tempo, Yoshiraru graças ao seu conhecimento de história e o entendimento e discernimento para ter um olhar crítico sobre alguns momentos e acontecimentos sabe se inserir dentro da sociedade da época.
O jogo preferido que nosso protagonista, “A ambição de Oda Nobunaga”, não ensina somente sobre história, mas entra também como uma proposta interdisciplinar ensinando sobre outras áreas do saber como a matemática, geografia e economia. Trago aqui então um exemplo do poder dos jogos e sua influência nos estudantes, exemplo esse presente em todo o enredo do anime. A pesquisa em jogos, assim como a gameficação é uma excelente proposta para um ensino interdisciplinar, dialogando com as diversas disciplinas do ensino básico. E como aponta Circe Bittencourt o diálogo interdisciplinar é a chave para um ensino de maior qualidade e que percorra e abranja mais áreas do conhecimento, interagindo e se relacionando uma com as outras.
[1] Segundo Jörn Rüsen a consciência histórica pode ser definida como uma categoria que se relaciona a toda forma de pensamento histórico, através do qual os sujeitos possuem a experiência do passado e o interpretam como história. (RUSEN, 2010, p. 57). Ainda existem outras interpretações, mas não me aprofundarei aqui sobre elas.
[2] Para mais informações recomendo a leitura de Circe Bittencourt.
[3] Para saber mais leia, “Representações sociais e a construção da consciência histórica”, de Ronaldo Cardoso.
COMO CITAR
BERNARDES, João Victor Nunes . O poder da história na animação de “Oda Nobuna na Yabõ, 織のの奈の野I”, uma visão interdisciplinar? Literando - Projeto Revista Problematiza Aê!, ed. 010, v. 01, nov. 2021. Disponível em <https://revistaproblematiza.wixsite.com/inicio/lt001>.
REFERÊNCIAS
ALVES, Ronaldo Cardoso. Representações sociais e a construção da consciência histórica. Curitiba: CRV, 2018. 154 p.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. Cortez editora, 2018.
CERRI, Luis Fernando. Os conceitos de consciência histórica e os desafios da didática da história. Revista de História Regional, 2001.
Oda Nobuna no Yabõ (1 Temporada). Direção: Yuuji Kumazawa. Produção: Pony Canyon, AT-X, KlockWorx, SoftBank Creative, 2012. 1 DVD (12 episódios, 24 min por episódio).
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão de Rezende (Org.). Jörn Rüsen e o Ensino de História. Curitiba: Editora da UFPR, 2019. p. 139.
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