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Então você quer saber o que eu penso?

  • Foto do escritor: Laís F. F. Dutra & Fábio G. Oliveira
    Laís F. F. Dutra & Fábio G. Oliveira
  • 29 de out. de 2021
  • 4 min de leitura


TRANSVERSALIZANDO A HISTÓRIA

PRPA - Projeto Revista Problematiza Aê! Out. 2021 Ano I Nº 009

Por FÁBIO GOMES DE OLIVEIRA [1]

Por LAÍS FERNANDA FERNANDES DUTRA [2]


[2] laisfer43@gmail.com & Lattes

ENTÃO VOCÊ QUER SABER O QUE EU PENSO?


Propenso

Processando informações

Interessantes, relevantes, radiantes talvez...

Sanguinários, sanguessugas, maçantes, massacres.


O vírus que impregna a pele, o sangue e a mente

Relógios ansiosos

Em um corpo ocioso

Onde tudo é hostil

A linguagem, o estilo, a linhagem, o espelho

Você escolhe, ou a fama ou a fome

E você quer saber o que eu penso


Uma cota e uma corte

Jorram gotas de um corte

Gotas nos olhos de dona Maria

Enquanto reza por um milagre

Desejando que fosse miragem

Mas o corpo está lá

Na sua frente

Face a face

No twitter a justiça prevalece

Dedos frenéticos em busca do bem

Mas é na rua que a desgraça acontece

A justiça daqui vem de quem? Hein?


E você quer saber o que eu penso


O mito que aclamam é real

Um mito de uma lenda urbana

Sustentadas por mentiras de um falso profeta

Se vendendo por qualquer oferta

Pôs lenha na fogueira

Mas é só um paga pau

De tanto falar de bandido

Se tornou um

E pior, assassinou

Vidas, florestas, ciências, a economia

Sem consciência, sem consequência

Seus seguidores fiéis

De uma rede de pesca social

Alimentando o ódio, o ego, a intolerância


E você quer saber o que eu penso

Por que?

Se eu bato no peito e peço respeito

Me batem também

Me fazem refém

De mim mesmo

E acha que o discurso é a esmo

E ainda quer saber o que eu penso

Tudo por extenso

Justificado

Com provas e nota fiscal

Com documentos

Nada verbal

Novamente você escolhe

Ou se cala ou morre

Só semeia o que se colhe

Sem escola, sem escolha

Sem sair da bolha

E a bolha estourou

Assim como minha paciência

E você quer saber o que eu penso


Pouco p pra fdp

Poucas ideias pra pnc

E escrevo poesia e prosa

Mas não caio em papo de prosa ruim

Se precisar escrevo artigos científicos

Tim tim por tim tim

Tim tim, um brinde

Pra por fim nessa roda

Que não é de capoeira

Mas acerta igual golpe de besouro ou zumbi

E não vem zombar se não o martelo come


E você, o que pensa?

Fábio, nada tão complexo quanto tentar te dizer o que penso, suas palavras me levam a formular inúmeras reflexões. Começo partindo do agora, eis que você me leva a refletir sobre o quão intenso é estar diante de uma pandemia, diante do (não saber) lidar com o vírus, com o tempo para fazer tudo que nos é designado, com os nossos corpos cansados, ociosos e sedentários, sendo constantemente convidados (?) a produzir, a ser útil, a se movimentar. Eis que a Série pandemia crítica, publicada na N-1 edições com vários textos imbuídos em reflexões sobre o momento atual, sobre as articulações passado, presente e futuro. Sobre como era o mundo até esse momento, com a possibilidade da pandemia se tornar um catalisador dos inúmeros problemas que já vivenciávamos, com o aparente aprofundamento de crises políticas, crise ambiental, econômica, crise sanitária e por fim, uma crise temporal que estamos vivenciando.


E é nesse mesmo espaço que precisamos lidar com a expectativa na espera de um ‘milagre’, assim o bovarismo brasileiro brevemente descrito por Lilia Schwarcz e Heloisa Starling no livro ‘Brasil: Uma Biografia’ é posto em jogo, a evasão coletiva, a vontade de abdicar do Brasil real e imaginar um Brasil menos desigual, mais solidário, menos racista e machista... A espera de alguém para nos salvar do nosso desespero/desgoverno. A espera de outro horizonte de expectativa em que não existam máscaras e vírus, que haja a possibilidade de andar com liberdade, com segurança nos empregos e estes, com saúde mental, com a possibilidade de lazer, de viver sem os empecilhos apresentados no momento atual e etc.


Assim como a noção de não conseguir acompanhar a velocidade das atrocidades ao nosso redor, o bombardeio de notícias e informações sempre nos deixando em estado de alerta. De refletir sobre os problemas que queremos enxergar e os que ignoramos, sobre o que enxergamos de fato e as situações para quais nossos olhos estão fechados, como nossas realidades vão sendo construídas, sobre o pão e circo que vivenciamos diariamente, onde é justamente na rua que a desgraça acontece, com as inúmeras pessoas que saem a trabalho, onde os bares lotados acenam para o vírus que não tem cor e classe social (Será?). Diante do principal culpado por isso, o presidente genocida, Jair Bolsonaro. E como será daqui 10 anos? Como pensar o hoje, quando sequer conseguimos apreender as diversas realidades e, qual será o papel dos futuros professores? Seremos capazes de entender esses novos brasis?


Eis que precisamos aceitar o populismo construído por Jair Bolsonaro, que com seus seguidores fiéis destilam negacionismos e ignorância tamanha, através das notícias falsas e que, portanto, acabam se apropriando desse universo de mídias sociais? da mesma forma seus versos também chamam atenção para a questão da movimentação em redes sociais, na justiça nas redes, mas a desgraça que acontece no cotidiano, nas ruas, o que fazer? Como lidar com a sensação de impotência? Quem são os corpos que estão sendo violentados? Como pensar a Necropolítica nesse momento? E o olhar de denúncia sobre tudo que acabamos vivenciado e a negligência do governo com as nossas necessidades, com as situações que surgem, o descaso com a população no geral.


Se é para dizer o que penso, é quase como se por uma escolha inconsciente dissesse que me recuso a pensar, a realidade é complexa, quando o que gostaríamos é que fosse simples. E qual é a responsabilidade de escolher não pensar?

COMO CITAR


OLIVEIRA, Fábio Gomes de; DUTRA, Laís Fernanda Fernandes. Então Você Quer Saber O Que Eu Penso? Transversalizando - Projeto Revista Problematiza Aê!, ed. 09, v. 01, out. 2021. Disponível em <https://revistaproblematiza.wixsite.com/inicio/tv001>.

REFERÊNCIAS


ANDRADE, Patrícia Mourão de. No limbo do país do futuro, N-1 Edições, 2021.Disponível em:<https://www.n-1edicoes.org/textos/149>. Acesso:10/10/21.


CÉSAR MC. Dai a Cesar o que é de Cesar. Pineapple Storm Records: 2021. Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=Vx2QswxE1cg>. Acesso em: 10 out. 2021.


EMICIDA; LUZ, Larissa; MONTENEGRO, Fernanda. Ismália. São Paulo, 2019. Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=4pBp8hRmynI>. Acesso em: 10 out. 2021.


RASHID; CÉSAR, Chico; CAIQUE, Dj. Diário de Bordo 6. São Paulo: 2021. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=yg8YRk9xqEM.>. Acesso em: 10 out. 2021.


SALOMON, Marlon. Heterocronias. In: ______. Heterocronias. Estudo sobre a multiplicidade dos tempos históricos. Goiânia: Edições Ricochete, 2018, p. 8-38.


SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Miguel. BRASIL: Uma Biografia. 1 aEdição. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.


TELES, Lelê. Palavras Sapienciais. In: PELBART; FERNANDES (orgs). Pandemia crítica. São Paulo: N1 Edições, 2020. Disponível em:<https://www.n-1edicoes.org/textos/70>. Acesso em: 10 out. 2021.


TURIN, Rodrigo. Tempos precários, aceleração e semântica neoliberal. Zazie Edições, 2019. Disponível em: <https://zazie.com.br/wp-content/uploads/2021/05/TURIN2.pdf>. Acesso em: 10 out. 2021

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